“Lugar de mulher é onde ela quiser”: a adesão de mulheres à pauta pró-arma no Brasil

Resumo

Este paper discute determinados recortes de uma pesquisa de mestrado em andamento. O presente trabalho tem o objetivo de analisar perfis de Instagram de mulheres defensoras das armas de fogo como instrumento de autodefesa e mapear as redes que formam. O fenômeno do ativismo feminino “pró-armas” está interligado à ascensão da nova direita, ao sentimento de insegurança e de descrédito em relação às instituições estatais, além do lobby armamentista. Tanto na política institucional quanto na sociedade civil são notórios os discursos de mulheres que representam o uso da arma de fogo como estratégia de autodefesa e também como ferramenta de empoderamento feminino. Consonante a isso, fontes de pesquisa atestam o crescimento significativo das fabricantes brasileiras de armas leves na última década no mercado de segurança internacional. A pesquisa, de caráter qualitativo, se baseia em observação etnográfica oculta em ambiente digital e em Análise de Rede Social (ARS) em fase inicial. Os materiais utilizados foram perfis de Instagram das atrizes e organizações sociais de maior circulação no meio da autodefesa armada feminina. Os resultados têm demonstrado: a articulação de símbolos originalmente feministas de empoderamento a velhos signos de feminilidade hegemônica; propostas de autodefesa armada para as mulheres como estratégia frente à violência contra a mulher; e um paralelo entre o crescimento do mercado armamentista e os perfis de ativismo feminino “pró-armas”, devido aos patrocínios às iniciativas das mulheres.