Desigualdade econômica e risco de infecção e morte por COVID-19 no Brasil

Resumo

Objetivo: Avaliar, por meio de análise espaço-temporal, se a desigualdade econômica das Unidades Federativas (UF) do Brasil pode estar associada com o risco de infecção e morte por COVID-19. Métodos: Trata-se de um estudo ecológico, a partir de dados secundários das taxas de incidência e mortalidade para COVID-19. Os dados foram analisados em nível estadual, tendo como principal variável independente o coeficiente de Gini. Foram utilizados os registros de doze dias, espaçados em uma semana cada, entre 21 de abril e 07 de julho de 2020. A variação semanal das taxas foi calculada através de regressão de Prais-Winsten, com o objetivo de medir a evolução da pandemia em cada UF. O teste de correlação de Spearman foi utilizado para avaliar a correlação entre as taxas e suas evoluções semanais e as variáveis independentes. Por fim, foi realizado diagnóstico de dependência espacial dos dados, e utilizado modelo de defasagem da Regressão Espacial quando aplicável. Resultados: As taxas de incidência e mortalidade por COVID-19 foram crescentes em todas UFs brasileiras, tendo sido mais acentuada entre aquelas com maior desigualdade econômica. A associação entre coeficiente de Gini e incidência e mortalidade por COVID-19 se manteve mesmo quando levados em consideração aspectos demográficos e espaciais. Conclusões: A desigualdade econômica pode exercer papel importante no impacto da COVID-19 em território brasileiro, através de efeitos absolutos e contextuais. Políticas estruturais para a redução da desigualdade são fundamentais para o enfrentamento desta e de futuras crises sanitárias no Brasil.